O livro Bichos Vermelhos, da autora e entendedora do assunto Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, é muito mais do que uma obra para crianças: é um convite poético, afetivo e informativo para conhecer animais ameaçados de extinção no Brasil de forma lúdica e encantadora. Publicado pela Aletria, o projeto une literatura, arte em papel e consciência ambiental, conquistando leitores de todas as idades. Em meio a páginas coloridas e personagens surpreendentes, a obra revela dados e peculiaridades de espécies que, aos poucos, vão desaparecendo dos nossos biomas — mas que permanecem vivas no imaginário de quem lê.
Inspirado nessa obra delicada e urgente, selecionamos 10 curiosidades incríveis sobre alguns dos animais apresentados no livro. Prepare-se para descobrir histórias e detalhes fascinantes de bichos que vivem (ou tentam resistir) nas matas, rios e céus brasileiros.
Por que a ariranha não é parente da aranha e o que a torna tão especial?
Apesar da semelhança nos nomes, a ariranha e a aranha não têm nenhuma relação entre si. A ariranha é, na verdade, um dos maiores carnívoros semiaquáticos da América do Sul, pertencente à família dos mustelídeos, a mesma das lontras. Seu nome indígena significa “onça-d’água”, e esse animal chama a atenção pelo tamanho — podendo ultrapassar 1,80m — e pela habilidade impressionante de nadar e caçar em grupo, com alta eficiência.

Segundo Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, o que torna a ariranha ainda mais única é a mancha clara que carrega no pescoço, como uma impressão digital natural. Nenhuma ariranha tem essa marca igual a outra, e é por ela que pesquisadores conseguem identificar cada indivíduo na natureza. Esse animal vive em grupos familiares organizados e é um ótimo exemplo de comportamento cooperativo na fauna brasileira.
O que faz do tamanduá-bandeira um animal tão diferente e vulnerável?
Entre os bichos mais curiosos do Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica, o tamanduá-bandeira é um dos que mais despertam a simpatia de quem o conhece. De aparência peculiar, com focinho alongado e língua pegajosa de até 60 cm, ele se alimenta principalmente de formigas e cupins. É incapaz de morder, pois não possui dentes, mas se defende com potentes garras, enrolando-se como um manto de pelos longos e vistosos.
Além de dócil e solitário, o tamanduá-bandeira tem um papel ecológico fundamental, controlando populações de insetos que poderiam se tornar pragas. No entanto, como destaca Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, suas populações estão diminuindo rapidamente devido à caça, atropelamentos em estradas e incêndios florestais, agravados pelo desmatamento. O animal é símbolo da fauna brasileira ameaçada e ilustra bem os alertas feitos na lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza.
Por que o peixe-boi-marinho é considerado um dos seres mais gentis dos rios e mares brasileiros?
Com seus movimentos suaves e olhos serenos, o peixe-boi-marinho é um dos animais mais dóceis que habitam as águas costeiras e rios do Brasil. De alimentação exclusivamente herbívora, ele se alimenta de plantas aquáticas, ajudando no equilíbrio ecológico dos ecossistemas aquáticos. O animal, que pode pesar mais de 400 kg, é conhecido por não apresentar qualquer comportamento agressivo, inclusive diante de ameaças.
Apesar de toda sua gentileza, o peixe-boi-marinho é alvo frequente de caças ilegais e sofre com os impactos de embarcações, turismo predatório e destruição de mangues e rios. Os filhotes dependem das mães por longos períodos, e a perda de habitat afeta diretamente sua reprodução e sobrevivência.
No livro Bichos Vermelhos, o peixe-boi-marinho é apresentado como um personagem sereno, cuja história chama a atenção para o respeito às águas brasileiras. Lina Rosa Gomes Vieira da Silva reforça a importância de atitudes conscientes para manter rios limpos e seguros, não apenas para a espécie, mas para toda a vida aquática.
Autor: Elmaris Elyster