Todo negócio quer crescer. Poucos se perguntam se podem.
A urgência por escala muitas vezes atropela a estrutura. E, como alerta Robson Gimenes Pontes, especialista em estruturação financeira e expansão sustentável, “nem todo negócio que consegue vender mais está preparado para entregar mais, sustentar mais e resistir mais.”
Segundo Robson, o maior erro de empresas em crescimento acelerado é confundir tração com preparo.
“Escalar exige mais do que demanda. Exige base. E empresas que não fazem essa checagem antes de expandir acabam correndo o risco de colapsar no auge.”
Para evitar isso, ele recomenda que toda empresa que esteja prestes a crescer responda a uma pergunta simples — porém poderosa:
“Se minha operação dobrar amanhã, o que quebra primeiro?”
A partir dessa provocação, Robson mapeia os sete pontos críticos que indicam se a estrutura está — ou não — pronta para escalar:
Fluxo de caixa já operando no limite?
Se hoje o caixa mal fecha, dobrar a operação pode comprometer a liquidez. Escalar sem folga de caixa é como construir um segundo andar sobre uma fundação trincada.
Margens ajustadas ou mascaradas?
Crescer só faz sentido se as margens forem reais. Despesas mal alocadas ou custos subdimensionados explodem quando a operação aumenta.
Dependência de pessoas-chave?
Se o processo só anda quando alguém específico resolve, escalar pode gerar gargalos. Estrutura pronta para crescer é replicável, não centralizada.
Indicadores estratégicos atualizados e auditáveis?
Sem dados confiáveis, não há expansão sustentável. Robson reforça: “Você precisa saber com precisão quanto custa, quanto demora e quanto retorna.”
Capacidade de investimento para sustentar o ciclo?
A empresa tem capital — ou crédito — suficiente para bancar o aumento de produção, logística, equipe e suporte durante a maturação da nova escala?
Modelo de precificação adaptável a novos cenários?
Escalar não é copiar e colar. Mercados diferentes exigem adaptações. Preço que funciona em um canal pode não funcionar no outro.
Governança preparada para lidar com o crescimento?
Sem processos claros, papéis definidos e controles consistentes, o aumento da operação pode virar desorganização disfarçada de sucesso.
Para Robson, a grande virada de chave está na capacidade de antecipar os riscos da própria ambição.
“Crescer não pode ser um ato de fé. Tem que ser uma decisão baseada em leitura técnica, projeção realista e estrutura de sustentação.”
E ele conclui:
“Escalar sem checar a base é como acelerar num carro sem freio confiável. Parece empolgante. Até a primeira curva.”
Autor: Elmaris Elyster