As inovações na fiscalização tributária com uso de inteligência artificial vêm transformando a forma como o Estado atua no controle das obrigações fiscais. Bruno Garcia Redondo, procurador e professor da UERJ destaca que a aplicação de tecnologias inteligentes nesse setor têm permitido maior eficiência na detecção de irregularidades, com foco em precisão, rapidez e menor custo operacional para a administração pública.
O avanço da inteligência artificial (IA) no campo tributário representa não apenas uma modernização dos processos, mas uma verdadeira mudança de paradigma. A atuação fiscal deixa de ser meramente reativa, baseada em auditorias manuais e análises extensas, e passa a operar com antecipação, identificando riscos e inconsistências em tempo real.
Inteligência artificial e as inovações na fiscalização tributária
A inteligência artificial aplicada à fiscalização tributária permite o cruzamento automatizado de grandes volumes de dados, com agilidade e profundidade que superam a capacidade humana. De acordo com Bruno Garcia Redondo, esse tipo de tecnologia se mostra eficaz na identificação de padrões suspeitos de fraude, sonegação ou evasão fiscal, mesmo quando os dados estão dispersos em múltiplas fontes.

Algoritmos de aprendizado de máquina podem analisar o comportamento tributário de empresas e indivíduos ao longo do tempo, facilitando a criação de perfis de risco. Isso permite ao fisco priorizar fiscalizações mais relevantes e reduzir a abordagem em casos de baixa probabilidade de infração, otimizando recursos públicos e evitando excessos.
Vantagens do uso da inteligência artificial na fiscalização de tributos
A automação de processos na fiscalização tributária gera uma série de benefícios práticos. Conforme explica Bruno Garcia Redondo, entre as principais vantagens estão a ampliação da capacidade analítica do Estado, a padronização dos procedimentos e a redução da subjetividade na interpretação dos dados.
Outro ponto importante é a maior segurança jurídica para o contribuinte. Quando as regras de fiscalização são automatizadas e baseadas em dados objetivos, há menor margem para arbitrariedades. Isso contribui para o fortalecimento da confiança nas instituições fiscais e para o aumento da transparência no relacionamento entre fisco e sociedade.
Desafios e limites da inteligência artificial na fiscalização tributária
Embora os benefícios sejam evidentes, o uso da inteligência artificial na fiscalização tributária também apresenta desafios relevantes. Segundo Bruno Garcia Redondo, é necessário garantir a integridade dos dados utilizados pelos sistemas, bem como estabelecer mecanismos claros de auditoria e controle sobre as decisões automatizadas.
Outro ponto sensível é a proteção dos direitos fundamentais, especialmente no que se refere à privacidade e ao devido processo legal. Sistemas de IA precisam ser projetados com base em critérios éticos e jurídicos bem definidos, de modo que o uso de tecnologias avançadas não comprometa garantias constitucionais dos contribuintes.
O papel da qualificação profissional e do controle institucional
Para que as inovações tecnológicas cumpram seu papel transformador na fiscalização tributária, é fundamental investir na capacitação dos profissionais envolvidos. Como enfatiza Bruno Garcia Redondo, a formação de servidores públicos em temas como ciência de dados, programação e direito digital é uma condição essencial para o bom uso da inteligência artificial nesse contexto.
Além disso, o controle institucional por parte dos tribunais de contas, das corregedorias e do Poder Judiciário deve ser fortalecido. A adoção da IA não elimina a necessidade de supervisão humana, pelo contrário: exige um novo tipo de vigilância, capaz de entender e avaliar os impactos dos algoritmos na prática tributária.
Perspectivas para o futuro da fiscalização tributária com IA
As inovações na fiscalização tributária com uso de inteligência artificial apontam para um futuro em que a administração tributária será mais estratégica, baseada em dados e com foco na prevenção de ilícitos. Conforme elucidado por Bruno Garcia Redondo, o caminho é irreversível, mas precisa ser trilhado com responsabilidade, respeito às normas legais e atenção às consequências sociais e econômicas.
Com sistemas mais inteligentes, o Estado poderá exercer seu papel fiscalizador de forma mais eficiente, ao mesmo tempo em que reduz a burocracia e estimula o cumprimento voluntário das obrigações fiscais. A tecnologia, portanto, não substitui a inteligência humana, mas a potencializa, desde que usada com discernimento e rigor técnico.
Autor: Elmaris Elyster